quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Medo, ansiedade e depressão


O medo faz parte do sistema adaptativo de sobrevivência dos indivíduos, sendo uma resposta perfeitamente normal perante a possibilidade de existir perigo de vida ou ameaça ao bem-estar, manifestando-se, entre outros factores, por tremores, sudação excessiva, aumento do ritmo cardíaco, entre outros, permitindo, também, ao indivíduo, avaliar as suas reais capacidades para enfrentar uma determinada situação.
Por seu turno, a ansiedade é algo normativo ao ser humano, sendo que, a título de exemplo, a experiência de graus ligeiros de ansiedade em situações sociais consiste num fenómeno frequente e a sua intensidade não impede o funcionamento social adequado do indivíduo, podendo até propiciar um efeito benéfico, uma espécie de agente motivador, sem originar sofrimento.

Mas qual é afinal a diferença entre medo e ansiedade?

O medo ocorre quando um estímulo exterior facilmente identificável, ou seja, algo concreto, desencadeia comportamentos de fuga ou evitação, associando-se a sentimentos de raiva ou vergonha, terminando aquando do desaparecimento desse mesmo estímulo , enquanto que a ansiedade consiste num estado emocional aversivo sem desencadeadores claros/concretos (medos difusos) e que, obviamente não podem ser evitados (Baptista, 2000), sendo difundida de um modo desagradável e persistente (Marks & Nesse, 1994).

E o que acontece quando estes fenómenos atingem proporções patológicas e indutoras de mal-estar e desconforto no indivíduo?

Os medos, os diversos tipos de ansiedade e as suas desregulações surgem num indivíduo em desenvolvimento, geralmente, no decorrer da infância até ao inicio da idade adulta, diminuindo posteriormente com a idade (Essau & Petermann, 2001; Last, 1993; March, 1995; Marks, 1987). De modo previsível, em determinadas alturas do desenvolvimento e de acordo com as tarefas típicas dessas etapas, os medos aparecem e desaparecem, reflectindo a maturação do organismo. As suas manifestações variam ao longo da vida (Vasey & Dadds, 2001). Os medos sociais aparecem no início da adolescência, altura de maior individualização, de afastamento dos progenitores, de integração nos grupos de pares e de atracção pelo sexo oposto. A preocupação com a aparência, o cuidado com a impressão causada e a opinião dos outros, são factores extremamente importantes nesta altura do desenvolvimento. O medo ou ansiedade social são factores motivadores adaptativos que promovem maior preocupação e cuidado com estes aspectos. No entanto, se este medo provocar a inibição de contactos sociais, ou se existir encorajamento familiar para a evitação, o medo tenderá a manter-se ou, pior, a aumentar transformando-se numa limitação (Baptista, A., Carvalho, M. & Lory, F., 2005).

Quando a ansiedade é sentida de modo excessivo condicionando a vida do indivíduo, considera-se que esta atinge um grau patológico, ou seja, induz um marcado desconforto no indivíduo e uma sensação de incapacidade, sobressalto permanente, angústia intensa, podendo surgir ou não paralelamente alguns sintomas fisiológicos, tais como: transpiração excessiva, vertigens, sensação de falta de ar, dores de cabeça, entre outros, ou mesmo, uma associação à patologia depressiva.
Existem inúmeras perturbações de ansiedade, nomeadamente, perturbação de ansiedade generalizada, fobias, transtorno de pânico, entre outros. Mas mais importante do que atribuir um rótulo a um indivíduo, é tentar compreender a razão porque os sintomas acontecem, relacionando, com a sua história de vida, sendo, na maioria das vezes, necessário um acompanhamento psicoterapêutico, podendo ou não haver uma componente de tratamento farmacológico associada.

Como é definido o tratamento?

Tal como em diversas situações, é necessária a motivação do indivíduo para superar o seu estado actual, para investir em si e no seu bem-estar mesmo, e não desistir caso os resultados não apareçam tão rapidamente como desejaria.
Sofrer de perturbação da ansiedade não pode ser encarado como algo banal nem como uma fatalidade, sendo que os tratamentos variam e são estabelecidos em função da natureza do problema (fobias, obsessões, pânico, etc.) e da personalidade do sujeito que as sofre.


1 comentário:

nunocabruja disse...

oLA,Vim agradecer o comentario que deixaste em meu blog, peço desculpas pela grande demora em responder.
Obrigado pela força e apoio.
Bjs Nuno Cabruja